quarta-feira, 27 de outubro de 2010

De Fé

Esperam que sejamos praticamente iguais e o que acontece é completamente o oposto.
Eu, dentro de casa, com meus livros, minhas músicas - que você diz ser tristes, meu silêncio - que te irrita, assim como meu jeito sério; meu ciúme e meu choro fácil com-qualquer-coisa - que você até rí, porque não consegue entender como pode explodir tão fácil e tão forte, minha fala alta, minha impaciência, minha insônia por-qualquer-bobagem, minha mania de acordar tarde...
Você sempre com uma animação enorme, querendo sair, conhecer gente, ouvindo as músicas de-hoje-em-dia, raramente se emocionando, fazendo piada de coisa séria, acordando no máximo às 7h...
Estranhamente, convivemos até muito bem. Uma discussão alí, outra aqui, mas respiramos fundo pra não levar adiante...
Já briguei muito, bati de frente e, pra evitar te machucar, me recuei demais. Você, pra não invadir o meu espaço, se afastou.
Mas quando me encontro no limite, aos prantos largada no chão do quarto foi você que apareceu, sem saber o que está acontecendo, querendo me ajudar - mesmo com receio que eu não te queira alí - e são suas pernas que eu abracei e te pedi pra ficar alí comigo.
Foi você que me levantou, jogou água em meu rosto e não me deixou ficar trancada no quarto, em casa.
Você que esperou chegar de madrugada pra vir falar comigo sem ninguém atrapalhar, que se ofereceu pra dormir comigo, ficou segurando apertado em minhas mãos enquanto eu somente chorava...
E ainda me disse que sua maior dor for por terem me tirado de dentro de ti porque você tem medo de não conseguir mais me proteger.
Mas quando eu mais preciso, eu só tenho você... MÃE.

"Mas que funda alegria é ser mãe. Mãe é doida.
É tão doida que dela nasceram filhos."
(Clarice Lispector)

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