domingo, 26 de dezembro de 2010

Se perder (...)

Vinte e seis de dezembro. Três e três da manhã. Fim de um Natal.
A árvore está acesa. Há estrela na ponta. Não há mais presentes pelo chão.
Uma garota com os cabelos presos, camisa masculina, óculos. Sentada no sofá com um laptop em seu colo, um cão dormindo a um lado seu e uma taça de vinho do outro lado.
Cena de um filme adolescente, esses que buscam passar uma imagem cult? Não.




(...) No abismo que é pensar e sentir.
[Sentimental - Los Hermanos]

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Dream Catchers

Os sonhos desempenhavam um papel fundamental na vida dos Ojibwe. Para este povo que vivia na região dos Grandes Lagos americanos e que hoje também se espalha por outras regiões do Novo México, aprender a decifrar as mensagens reveladas nos sonhos era a tarefa mais importante que as pessoas tinham durante sua passagem pela Terra. Por causa disto, o dream catcher era uma ferramenta essencial.

O filtro de sonhos, como ficou conhecido em português, na verdade, não é um filtro, é uma teia. Os Ojibwe acreditam que, quando a noite cai, o ar se enche de sonhos, bons e ruins. Alguns destes sonhos, mesmo sendo pesadelos, podem conter uma mensagem importante do Grande Espírito para nós. Então, na verdade, estes sonhos são bons sonhos. Mas existem muitos outros sonhos e energias ruins flutuando à nossa volta e que não são nossos. Estes é que podem nos fazer mal. É justamente para separar estes sonhos e energias ruins que existem os dream catchers.

A tradição manda que as teias coloridas sejam penduradas sobre o berço dos bebês e a caminha das crianças. Os sonhos bons, sabendo exatamente aonde ir, conseguem passar pelo buraco central da teia, ao passo que os sonhos ruins ficam perdidos e acabam presos nos fios. Quando os primeiros raios de sol surgem, os sonhos maus desaparecem. Os círculos são feitos com ramos flexíveis de salgueiros e revestidos com tiras de couro.

Uma pena é colocada no centro, representando o ar ou a respiração, essencial para a vida. O bebê, observando a pena dançar ao vento, aprende uma lição sobre a importância do ar. Além disto, a pena de coruja, feminina, simboliza a sabedoria. A pena de águia, masculina, serve para dar coragem.

Para captar os sonhos dos adultos, os dream catchers são trançados em fibra e não com ramos de salgueiros. Por isso são mais resistentes.

Uma das lendas relacionadas aos dream catchers:


Uma aranha fiava sua teia próximo à cama da avó (Nokomi). Todos os dias ela observava a aranha trabalhar. Alguns dias depois, o neto entrou e, ao ver a aranha na teia, pegou uma pedra para matá-la. Mas a avó não deixou. O garoto achou estranho, mas respeitou o seu desejo. A velha mulher voltou-se para observar mais uma vez o trabalho do animal e, então, a aranha falou: Obrigada por salvar minha vida. Vou dar-lhe um presente por isso. Na próxima Lua nova vou fiar uma teia na sua janela. Quero que você observe com atenção e aprenda como tecer os fios. Porque esta teia vai servir para capturar todos os maus sonhos e as energias ruins. O pequeno furo no centro vai deixar passar os bons sonhos e fazê-los chegarem até você.
Quando a Lua chegou, a avó viu a aranha tecer sua teia mágica e, agradecida, não cabia em si de felicidade pelo maravilhoso presente: Aprenda, dizia a aranha. Finalmente, exausta, a avó dormiu. Quando os primeiros raios de sol surgiram no céu, ela acordou e viu a teia brilhando como jóia graças às gotas de orvalho capturadas nos fios. A brisa trouxe penas de pomba que também ficaram presas na teia, dançando alegremente e, por último, um corvo pousou na teia e deixou uma longa pena pendurada. Por entre as malhas da teia, o Pai Sol sorria alegremente. E a avó, feliz, ensinou todos da tribo a fazerem os filtros de sonhos. E até hoje eles vêm afastando os pesadelos de muita gente.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Movimento de queda e recuo

Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas.(...)
Estranho é que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
(...) Porque amar é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário...


ARISE AND BE!
ALL THAT YOU DREAMED!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Brilha a onde estiver!


Ela fixara em Deus aquele olhar de esmeralda diluída, uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque gata não obedece. Às vezes, quando a ordem coincide com sua vontade, ela atende mas sem a instintiva humildade do cachorro, a gata não é humilde, traz viva a memória da sua liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de Deus. Nem servo do Diabo.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Clariceando

De uma hora para outra, ou até em menor tempo que isso, minha vida deu um giro de 360º... Que maravilha!
Há tempos digo que Clarice Lispector é minha escritora preferida, mas há pouco que passei a enxergar realmente suas palavras... o que fez me apaixonar ainda mais por ela.
Em seu livro, A paixão segundo G.H (o qual lí para um trabalho de fenomenologia e, deixando a modéstia de lado, ficou muito bom), a escritora pede na introdução que o mesmo seja lido apenas por pessoas de alma já formada e, por ler o livro, pelas outras obras conhecidas, pelas pesquisas que fui fazendo compreendi o que é que causa, acredito que não só a mim, ler Clarice: vai-se formando a alma, vendo o mundo pelo lado de dentro, a essência...
Hoje, Clarice completaria 90 anos de vida e ontem, completou-se 33 anos sem Clarice. Por isso resolvi deixar algumas de minhas marcas preferidas dessa escritora que classificou-se como uma pergunta ...

"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."

"Já que se há de escrever, que pelo menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas."

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada."

"Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam."

"E o que o ser humano mais aspira é tornar-se ser humano."

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro."

"É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas. É tão silencioso. Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois? Dificílimo contar. Olhei pra você fixamente por instantes. Tais momentos são meu segredo. Houve o que se chama de comunhão poerfeita. Eu chamo isto de estado agudo de felicidade."

"Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante."

"Sou como você vê: posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me ver passar."

"Eu sou mais forte que eu."

"Mas o vazio tem o valor e a semelhaça do pleno. Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim é a resposta a meu - a meu mistério."

"O que obviamente não presta sempre me interessou muito."

"E daí? Eu adoro voar!"

"Como um gato de dorso arrepiado, arrepio-me diante de mim."

"Ter contato com a vida animal é indispensável à minha saúde psíquica."

"A música é da origem do pensamento, ambos vibravam no mesmo movimento e espécie. Da mesma qualidade do pensamento. Tão íntimo, que ao ouvi-la se revelava."

"Eu estava vendo o que só teria sentido mais tarde - quero dizer, só mais tarde teria uma profunda falta de sentido. Só depois é que eu ia entender: o que parece falta de sentido - é o sentido. Todo momento de "falta de sentido" é exatamente a assustadora certeza de que ali há o sentido."

Pra finalizar:

“Enfim, quebrara-se realmente o meu invólucro, e sem limite eu era. Por não ser, eu era. Até o fim daquilo que eu não era, eu era. O que não sou eu, eu sou. Tudo estará em mim, se eu não for; pois "eu" é apenas um dos espasmos instantâneos do mundo. Minha vida não tem sentido apenas humano, é muito maior - é tão maior que, em relação ao humano, não tem sentido. Da organização geral que era maior que eu, eu só havia até então percebido os fragmentos. Mas agora, eu era muito menos que humana - e só realizaria o meu destino especifïcamente humano se me entregasse, como estava me entregando, ao que já não era eu, ao que já é inumano.

O mundo independia de mim - esta era a confiança a que eu tinha chegado: o mundo independia de mim, e não estou entendendo o que estou dizendo, nunca! Nunca mais compreenderei o que eu disser. Pois como poderia eu dizer sem que a palavra mentisse por mim? Como poderei dizer senão timidamente assim: a vida se me é. A vida se me é, e eu não entendo o que digo. E então adoro... ”




quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Quem lembra?


É sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar.
É sempre bom lembrar que o ar sombrio de um rosto está cheio de um ar vazio.
Vazio daquilo que no ar do copo ocupa um lugar.
É sempre bom lembrar, guardar de cor que o ar vazio de um rosto sombrio está cheio de dor.
É sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar
Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho
Que o vinho busca ocupar o lugar da dor
Que a dor ocupa metade da verdade, a verdadeira natureza interior
Uma metade cheia.
Uma metade vazia.
Uma metade tristeza.
Uma metade alegria.
A magia da verdade inteira.
Todo-poderoso amor
É sempre muito bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Filosofia do Camelo

Uma mãe e um bebê camelo, estavam por ali, à toa, quando de repente o bebê camelo perguntou:

- Por que os camelos tem corcovas?

- Bem, meu filhinho, nós somos animais do deserto, precisamos das corcovas para reservar água e por isso somos conhecidos por sobreviver sem água.

- Certo, e por que nossas pernas são longas e nossas patas arredondadas?

- Filho, elas são assim para permitir caminhar no deserto. Com essas pernas longas eu mantenho meu corpo longe do chão do deserto que é mais quente que a temperatura do ar e assim fico mais longe do calor. Quanto às patas arredondadas, eu posso me movimentar melhor devido à consistência da areia! disse a mãe.

- Entendi, mas, por que nossos cílios são tão longos? De vez em quando eles atrapalham a minha visão.

- Meu filho! Esses cílios longos e grossos são como uma capa protetora para os olhos. Eles ajudam na proteção dos seus olhos quando atingidos pela areia e pelo vento do deserto! respondeu a mãe com orgulho.

- Tá. Então a corcova é para armazenar água enquanto cruzamos o deserto, as pernas para caminhar através do deserto, e os cílios são para proteger meus olhos do deserto.

Então, o que é que estamos fazendo aqui no Zoológico?

Moral da história:

Habilidade, conhecimento, capacidade e experiências, só são úteis se você estiver no lugar certo!


Você está no lugar certo?

domingo, 28 de novembro de 2010

Assim não me faz mal, não.

... Você não sabe ao certo o que vê em mim, mas também não sabe ao certo o que não vê. Você sabe que pode ter uma mulher mais gostosa do que eu, mas por alguma razão prefere a gostosa garantida, aquela que ainda ri das suas piadas. Mesmo sendo as mesmas piadas de sempre.
Aí você me liga, com aquele ar descompromissado e meigo de quem só quer ir no cinema com uma velha amiga. Eu não faço a menor idéia do que vejo em você, mas também não faço idéia do que não vejo. Eu posso ter um cara mais gostoso... Mas por alguma razão prefiro suas piadas velhas e seu jeito homem de ser. Você é um idiota, uma criança, um bobo alegre, um deslumbrado, um chato. Mas você é homem. E talvez seja só por isso que eu ainda te aguente...
E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

“Podemos julgar o coração de um homem pela forma como ele trata os animais.”
(Immanuel Kant)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Muros e Grades

Parece tão certo ser errado e tão errado ser certo.
O que é errado? E o que é certo?
Festa, risada... De repente é tudo tão normal.
Mas você se sente normal alí? Ou tão somente mais um a seguir as regras de normalidade que a sociedade emprega generalizadamente às pessoas em tal idade, tal escolaridade, tal local, tal época da vida, tal grupo?
Dar uma volta, ficar conversando em um lugar mais sossegado, ouvindo música, rindo porque estar alí é bom e não porque tal pessoa é desse ou daquele jeito, fez ou deixou de fazer aquilo... Aí não é normal, porque "olha a tua idade, olha a onde você está e vai ficar aí se comportando? Não seja esquisito." Mas você se sente esquisito ou simplesmente se sente você?
Encontre o discernimento nos atos, descubra o seu certo e o seu errado.
Em qual caminho você está?
Se olhe no espelho, veja seus olhos, levante a cabeça para sí e assuma seus erros.
Dê-se a chance de corrigi-los.



Muros e Grades - Engenheiros do Hawaíi

Nas grandes cidades, no pequeno dia-a-dia
O medo nos leva tudo, sobretudo a fantasia
Então erguemos muros que nos dão a garantia
De que morreremos cheios de uma vida tão vazia

Nas grandes cidades de um país tão violento
Os muros e as grades nos protegem de quase tudo
Mas o quase tudo quase sempre é quase nada
E nada nos protege de uma vida sem sentido

Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre as sombras, entre as sobras da nossa escassez
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre cobras, entre escombros da nossa solidez

Nas grandes cidades de um país tão irreal
Os muros e as grades nos protegem de nosso próprio mal
Levamos uma vida que não nos leva a nada
Levamos muito tempo pra descobrir
Que não é por aí... não é por nada não
Não, não pode ser... é claro que não é, será?

Meninos de rua, delírios de ruínas
Violência nua e crua, verdade clandestina
Delírios de ruína, delitos e delícias
A violência travestida faz seu trottoir
Em armas de brinquedo, medo de brincar
Em anúncios luminosos, lâminas de barbear

Viver assim é um absurdo como outro qualquer
Como tentar o suicídio ou amar uma mulher
Viver assim é um absurdo como outro qualquer
Como lutar pelo poder
Lutar como puder



quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Toca Raul!

Quando tinha dois anos não podia ver um palco e um microfone que, independente do lugar e das pessoas, logo pedia para cantar e sempre cantava essa música e agora tô me perguntando se era possível que eu tivesse o mínimo de noção sobre a mensagem que ela passa.
Tô com a impressão de que o trem já passou e eu não enxergo quem ficou, quem partiu, quem chorou ou quem sorriu.

O Trem das 7
Composição: Raul Seixas

Ói, ói o trem, vem surgindo de trás das montanhas azuis, olha o trem
Ói, ói o trem, vem trazendo de longe as cinzas do velho éon

Ói, já é vem, fumegando, apitando, chamando os que sabem do trem
Ói, é o trem, não precisa passagem nem mesmo bagagem no trem

Quem vai chorar, quem vai sorrir ?
Quem vai ficar, quem vai partir ?
Pois o trem está chegando, tá chegando na estação
É o trem das sete horas, é o último do sertão, do sertão

Ói, olhe o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais
Vê, ói que céu, é um céu carregado e rajado, suspenso no ar

Vê, é o sinal, é o sinal das trombetas, dos anjos e dos guardiões
Ói, lá vem Deus, deslizando no céu entre brumas de mil megatons

Ói, olhe o mal, vem de braços e abraços com o bem num romance astral

Amém.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Maysa


Desde pequena conhecia algumas canções e um pouco da história, pois minha vó (responsável por me apresentar o lado bom, a cultura da música - especialmente brasileira) era grande fã da Maysa. Com a minissérie Maysa- Quando fala o coração, passei a apreciar ainda mais a cantora, pela sua música e mais pela sua personalidade!
Algumas frases retiradas da minissérie:


Tudo que eu gosto tem sabor de pecado, é feio, censurado, fora da lei, engorda e faz mal pra saúde…

Existem tantas pessoas nesse mundo que se eu fosse ser o que cada um pensa de mim eu seria várias. Mas não, eu sou só uma. Só não sei qual delas.

Apanhei, apanhei sempre. E não aprendi nunca. Sim, vou morrer brigando, mas sem abaixar a cabeça.

Queria amar sem sofrer, com calma…
mas não tem jeito, eu não sou assim…
Sou passional em tudo que sinto, em tudo que faço.

Liberdade é correr riscos, é viver em fulga, é viver escondendo-se de tudos e de todos, é viver imensamente todas as loucuras maravilhosas do perigo e do proibido!

Eu odeio pessoas que entram num bar e não bebem. Eu odeio testemunhas… Um bar é um templo: entrou, tem que beber!

Eu considero masoquismo aturar sem queixa uma porção de pessoas, eu detesto gente burra e vivo me encontrando com elas.

- Meu whisk onde está ?
- Na sua mão Maysa.
- Eu to falando da garrafa.

Há gritos incríveis dentro de mim, que me povoam da mais imensa solidão.

Adão e Eva cansados do marasmo e da monotonia da vida que viviam, tendo o fruto proibido como tentação, resolveram comer a merenda antes do recreio. O que aconteceu? Foram expulsos do paríso. Mas deram graças ao bom Deus, se livraram das folhas de parreira e passaram a viver permanentemente em festa, porque o paraíso é um saco.

Legal? Ou ilegal? Que seja!

Me deixe só, errada e complicada.

Só digo o que penso, só falo o que gosto e aquilo que penso.

Eu não gosto de conto-de-fadas, meu negócio é a realidade.

Não vou te esquecer nunca. Porque um canalha a gente nunca esquece.

Quando eu era pequena queria ser homem , negro, pianista e bebado. Homem, pianista e negro eu não consegui, agora bebado…

Nunca haja pela razão, ela é fria e muitas vezes indiferente, haja sempre pelo coração.

Esse papo de sublimidade, pureza, integridade e desinteresse, não passam de belos disfarces para as segundas intenções.

Vocês homens não são de nada. Quando encontram uma mulher de verdade, que fala o que pensa, broxam.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

All you need...


Percebi que cuidar do próximo é a melhor forma de esquecer os próprios problemas e, melhor ainda, se isto for feito com muito bom humor e principalmente amor.

Quando você cuida de alguém que realmente está precisando, você vira um herói. Porque o arquétipo de herói é a pessoa que, se precisar, enfrenta a escuridão e segue com amor e coragem porque acredita que algo pode ser mudado para melhor.

(Patch Adams - O amor é contagioso)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sing to me the song of the stars.


O Sol entra pela varanda de cortinas afastadas.
Recorda-se a minha sombra incerta, perto do piano, ao canto da sala.
Deslizo suavemente os dedos pelas teclas, o som propaga-se inocente e pueril. Desafinado pela falta de uso.
Letras de música soltas.
Páginas em branco.
Branco o coração que escuta a melodia.
Negro sustenido pela
tua ausência.
Sento-me.
A música passa pelos dedos até chegar a ti. - Onde quer que estejas.

Uma clave de sol pousa-me no olhar, música à flor da pele pelos teus dedos tocada.


Desconheço o autor, mas agradeço quem me mostrou o texto e as mais belas notas tocadas.


Ou entre, ou saia
Mas feche a porta
... Está ventando!

(A História sem Fim - Michael Ende)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Linha Tênue


Talvez quem não olhe nos olhos está sendo mais sincero do que os que desejam mostrar sinceridade, pois não está demonstrando ser o que não é.


Olha-se nos olhos de alguém para mostrar a sinceridade, não só do que se fala, mas do que se sente; Olha-se nos olhos para admirar, para descobrir todos os encantos que há na pessoa olhada; Olha-se nos olhos de maneira sutil, mas tão a fundo que às vezes é necessário desviar seu olhar para não deixar que as emoções vazem.

Olha-se nos olhos de alguém buscando encantar, consegue trazer brilho ao olhar; Utiliza-se de uma delicadeza mascarada e envolve a pessoa.

Um só enxerga a pessoa, o outro só vê a sí próprio refletindo no olhar de alguém, não vê ninguém a sua frente - ninguém que não seja apenas mais um que ele vai conseguir que se deixe encantar por um brilho de egoísmo, um sorriso de sarcasmo e palavras ensaiadas.

Bem-me-quer. Mal-me-quer.
Você sabe escolher qual pétala deixar?
Você realmente sabe?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

In the time of my life.

- Lembra quando a gente não se desgrudava e as pessoas achavam que éramos irmãos, namorados?
A gente ria, chorava, cantava, fazia planos... lembra?

- Lembro a todo momento.

- Por que a gente se separou?

- Não sei. Mas sei que nunca quis isso. O que quero é você sempre perto.

- Eu também. - Pensou por um tempo - Será que a gente cresceu?

- Sei foi isso, então cresci de um modo completamente diferente do que eu queria.

- Eu também. Mas isso a gente não escolhe, se adapta ... Será?

- Até agora eu não consegui me adaptar.

- É, eu também não.

- Sinto muita falta de você.

- Eu também sinto a sua.

- O que a gente faz?

- Não sei.

- O problema é que se ficar no não sei, se não fizermos nada, vamos acabar cada vez mais distantes.

- Eu sei, mas como é que vou fazer alguma coisa agora?

- Estamos na mesma cidade e tá desse jeito, a distância não está sendo só física... Isso que dói mais.

- Esse é o problema, entende?

- Não sei se entendo... Me explica?

- Se eu não entendo...
Como você quer?

- Você perto. Mesmo que eu esteja aqui e você do outro lado do mundo.
Quero aquela magia, sabe?
Não sei descrever, mas acredito que você entenda.

- E entendo.

- Eu assumi tanta coisa, mas tanta coisa que hoje não dou conta de nada... Nem de mim.

- E o que fazer?

- Agora a gente espera? Ou não?

- Esperar o quê? É infantil, mas mesmo da forma como tá, sempre que paro pra pensar no meu futuro você está comigo.

- Eu sei como é. É como fazer parte, entende?



"Como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar". (Clarice Lispector - A Paixão Segundo GH)

Um dia...


... percebemos que beijar uma pessoa pra esquecer outra é bobagem.
Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela!
Um dia nós percebemos que as mulheres têm instinto "caçador" e fazem qualquer homem sofrer.
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável.
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples.
Um dia percebemos que o comum não nos atrai.
Um dia saberemos que ser classificado como "bonzinho" não é bom.
Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você.
Um dia saberemos a importância da frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..." !!
Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso.
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais.
Enfim...
Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos
todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer o que tem de ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida
ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras!
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.

Mário Quintana

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

- E você, por que desvia o olhar?

(Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarra-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos.)

- Porque eu sou tímida.

(Rita Apoena)