domingo, 31 de maio de 2009

Modo de usar-se

"Coitada, foi usada por aquele cafajeste".

Ouvi essa frase na beira da praia, num papo que rolava no guarda-sol ao lado. Pelo visto a coitada em questão financiou algum malandro, ou serviu de degrau para um alpinista social, sei lá, só sei que ela havia sido usada no pior sentido, deu pra perceber pelo tom do comentário. Mas não fiquei com pena da coitada, seja ela quem for.

Não costumo ir atrás desta história de "foi usada". No que se refere a adultos, todo mundo sabe mais ou menos onde está se metendo, ninguém é totalmente inocente. Se nos usam, algum consentimento a gente deu, mesmo sem ter assinado procuração. E se estamos assim tão desfrutáveis para o uso alheio, seguramente é porque estamos nos usando pouco.

Se for este o caso, seguem sugestões para usar a si mesmo: comer, beber, dormir e transar, nossas quatro necessidades básicas, sempre com segurança, mas também sem esquecer que estamos aqui para nos divertir. Usar-se nada mais é do que reconhecer a si próprio como uma fonte de prazer.

Dançar sem medo de pagar mico, dizer o que pensa mesmo que isso contrarie as verdades estabelecidas, rir sem inibição – dane-se se aparecer a gengiva. Mas cuide da sua gengiva, cuide dos dentes, não se negligencie. Use seu médico, seu dentista, sua saúde.

Use-se para progredir na vida. Alguma coisa você já deve ter aprendido até aqui. Encoste-se na sua própria experiência e intuição, honre sua história de vida, seu currículo, e se ele não for tão atraente, incremente-o. Use sua voz: marque entrevistas. Use sua simpatia: convença os outros. Use seus neurônios: pra todo o resto.

E este coração acomodado aí no peito? Use-o, ora bolas. Não fique protegendo-se de frustrações só porque seu grande amor da adolescência não deu certo. Ou porque seu casamento até-que-a-morte-os-separe durou "apenas" 13 anos. Não enviuve de si mesmo, ninguém morreu.

Use-se para conseguir uma passagem para a Patagônia, use-se para fazer amigos, use-se para evoluir. Use seus olhos para ler, chorar, reter cenas vistas e vividas – a memória e a emoção vêm muito do olho. Use os ouvidos para escutar boa música, estímulos e o silêncio mais completo. Use as pernas para pedalar, escalar, levantar da cama, ir aonde quiser. Seus dedos para pedir carona, escrever poemas, apontar distâncias. Sua boca pra sorrir, sua barriga para gerar filhos, seus seios para amamentar, seus braços para trabalhar, sua alma para preencher-se, seu cérebro para não morrer em vida.

Use-se. Se você não fizer, algum engraçadinho o fará. E você virará assunto de beira de praia.

Martha Medeiros


*texto recebido por e-mail.

sábado, 30 de maio de 2009

vai deixar saudade...

Excursão ontem, em São Paulo, para o Museu da Arte Sacra / Exposição Anita Malfatti e depois uma voltinha no shopping, almoço na Pizza Hut.

Fotos, filmagens e edição do vídeo pela Fer.

E só pra deixar registrado a grande fala do dia, dita pelo Murilo

"Matheus, eu quero duas pizzas individuas de cahahubgetza"

sexta-feira, 22 de maio de 2009

"e a sombra do sorriso que eu deixei..."


As pessoas que se gostam costumam chamar umas as outras por apelidos carinhosos; "amor", "querido", "bem", "lindinha", e por aí vai... Ou até mesmo por apelidos que só elas entendem, que quem vê de fora não vê sentido em se chamarem assim e é isso que acontece conosco, prima. Tem gente que diz que é só bobeira de duas adolescentes; tem gente que diz que é pra afrontar algumas pessoas (haha), mas nós não ligamos para o que os outros pensam, né?
Como fala em um texto do qual gosto muito "bons amigos são a família que nos permitiram escolher" e você é um deles. Nós não precisamos ter o mesmo sobrenome, a mesma tipagem sanguínea, a mesma descendia familiar, uma namorar o primo de sangue da outra e nem mesmo nos chamar de primas para termos esse sentimento que sentimos uma pela outra, para você ser considerada e recebida como alguém da minha família e vice-versa; tanto porque, há pessoas que possuem todas essas características acima, mas são como qualquer outras que encontramos na rua e falamos um "bom dia" por questão de simpatia e disso nós sabemos muito bem...
Feliz aniversário, minha prima; muita saúde, felicidade, amor, paz, juízo... não tô aí contigo; comemorando, bebemorando, rindo, mas tô sempre pensando em você! E agora também só falta 1 aninho pra você poder tirar carta e vir pra cá sempre, e só 6 meses para eu poder... apesar de que ano que vem eu (espero) vou praí pelo menos até os 5 anos de facul! ;)
Parabéns, mais uma vez. Eu amo você!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Strawberry Fields Forever

Querido diário, há tempos não converso com você e sei que é abuso de minha parte vir lhe procurar justo em um momento como esse. Lembro-me da última vez que conversei contigo, foi no dia da minha formatura; falei da tristeza de estar me despedindo dos meus amigos do ensino fundamental e também que não queria ir para a escola do ensino médio...

No primeiro dia de aula foi díficil para levantar da cama. Ao entrar naquela escola onde tudo era diferente, minha vontade foi de sair correndo. Entrei na sala de aula procurando uma carteira para me sentar, ao fundo noto um violão encostado na parede, perto de uma carteira onde só havia uma mochila em cima, sentei-me na do lado, abri o caderno e fiquei de cabeça baixa rabiscando qualquer coisa até que percebo que a carteira ao meu lado estava ocupada; era um menino de pele bem clara, cabelos castanhos e estava com fones de ouvido; olhou-me e disse "oi" e então pude ver a cor escura de seus olhos em seu olhar que penetravam nos meus.
Passaram as primeiras aulas e o tão esperado sinal para o intervalo foi tocado. Demorou um pouco para que eu saisse da classe e, chegando no pátio, vejo o mesmo garoto sentado no chão, com várias pessoas em volta ouvindo-o tocar; sentei-me por perto para ouvir também. As músicas que ele tocava eram todas conhecidas para mim, ele sabia tudo da Janis, do Led Zeppelin, dos Beatles e dos Rolling Stones e isso fez com que eu ficasse ainda mais intrigada com aquele menino.

Com o passar dos dias, fui notando que Jõao Roberto - ou Johnny, como era mais conhecido, era o garoto mais popular daquele colégio, embora parecesse que ele não estava satisfeito com aquilo; ele não ligava para as meninas que viviam em sua volta, na verdade, parecia até se incomodar com elas. E quanto a mim? Não passava do "oi" ou "bom dia", quando ele falava.
Um dia qualquer, estava cansada da aula, então coloquei os fones de ouvido e deixei a música bem alta; de repente alguém me cutua, era ele!
"Você tá ouvindo rock, é isso?"
"Estou. Desculpa, não percebi que tava tão alto."
"Desculpa nada". - Assustei, enquanto ele continuou - "Ninguém deve se desculpar por ouvir boa música."
Quando ví, estávamos no intervalo, a sala vazia e só nós dois, ele tocando violão e eu cantando com a minha voz toda desafinada e assim seguiram os dias, em cada manhã que se passava ficávamos mais amigos e essas manhãs foram se prolongando para tardes sentados em uma pracinha e às vezes noites conversando ao telefone. Quanto mais próximos ficávamos, mais gostava de Johnny, ou apenas John - como eu o chamava. Por trás das roupas pretas, do cabelo rebelde e da cara fechada, havia apenas um menino que, acima de qualquer imagem, carregava a frente um grande coração. Sem dúvida, o melhor amigo que alguém pode ter!
Em uma tarde qualquer, enquanto conversávamos na "nossa" pracinha, John me disse que sempre procurou alguém que o entendesse e o aceitasse como ele realmente é, sem algum interesse por trás, sem a intenção de dar uma volta em seu famoso opala metálico azul - com o qual, até certo tempo, costumava fazer pegas absurdos -, ou até mesmo de estar desfilando ao lado de um cara com um porte físico invejado por muitos. Falei para ele que nem todas as pessoas são assim, então, sem por que, ele me respondeu irritado "eu já ví que não." e saiu, sem ao menos dizer tchau. Na manhã seguinte, ele faltou; tentei ligar durante o dia, mas ele não me atendia e isso se repetiu por algum tempo. Quando enfim cheguei no colégio e o ví conversando com um dos garotos da sala, fui logo em sua direção e o ouvi marcando um super pega para o fim de semana, perguntei por que ele estava fazendo aquilo, ele já havia parado com essas "brincadeiras" depois que ficamos amigos e novamente ele me deu as costas e assim passamos a semana, sem nos falar.
Chegou sábado a noite, eu me recusava a assistir aquele espetáculo infantil, mas algo mais forte falava para que eu fosse - e fui! Chegando lá ví que a cidade inteira havia se movimentado para ver o grande acontecimento, John já estava dentro de seu carro, quando me viu, soltou um sorriso estranho e os motores sairam ligados a mil, pra estrada da morte- o maior pega que existiu, só deu pra ouvir, foi aquela explosão e os pedaços do opala azul de Johnny pelo chão. No dia seguinte, falou o diretor "o aluno João Roberto não está mais entre nós. Ele só tinha dezesseis, que isso sirva de aviso pra vocês".
E assim se encerra a história da pessoa que mais me completou...

*Texto baseado na música "Dezesseis" da banda "Legião Urbana". Pra quem não conhece, segue o link com a letra http://vagalume.uol.com.br/legiao-urbana/dezesseis.html

quinta-feira, 14 de maio de 2009

observação.

- "É, eu também acho."

- "Você também observa tudo, né?"

- "É, eu fico quieto no meu canto e aí todo mundo acha que eu sou tonto, mas na verdade eu tô prestando atenção em tudo."


Sei que com essa minha mania de desconfiar de tudo e de todos, de ficar análisando as coisas e pessoas ao meu redor, questionando, muitas vezes faz com que eu veja cabelo em ovo - como diz meu mapa astral, mas muitas vezes também eu consigo notar coisas que talvez não eram pra ser notadas.
Esse diálogo citado acima ocorreu hoje enquanto eu conversava com uma amiga e um amigo sobre umas situações estranhas e duvidosas que andam acontecendo no colégio e essa frase do meu amigo "todo mundo acha que eu sou tonto, mas na verdade eu tô prestando atenção em tudo", me fez pensar. Quantas vezes eu não passei a imagem de "tonta" por algumas vezes preferir ficar "na minha" ao invés de ser igual a todo mundo, ou então moderninha, descolada para as pessoas enquanto elas não faziam noção da imagem que via nelas? O colégio é o lugar a onde eu mais ví impressões como essa a meu respeito, sejam elas explícitas ou não. Apesar de que, com o passar do tempo a imagem de "tonta" já deve ter desaparecido e o que veem agora é a de chata mesmo (rs), porque (não vou usar a palavra paciência, pq isso eu não tenho mesmo) escrúpulos tem limite! Confesso que já me importei muito com essas julgamentos alheios, mas hoje em dia eu quero mais é que se exploda; é meu jeito e tem quem goste de mim assim, não me importo se são gente conhecida, popular, com fisionomia de capa de revista, se são muitos ou poucos, pra mim o que vale é a qualidade e isso eu garanto que todos tem. E na verdade até prefiro que certas pessoas me achem tonta, boba, inocente e coisas do gênero.
Analisando tudo isso, repito a frase que disse após a frase dita pelo meu amigo e que me levou a escrever o post: "O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que se banca o inteligente."

quarta-feira, 6 de maio de 2009

=)

"você já me disse muita coisa que ninguém tem coragem de dizer pra não me contrariar, você é sincera sempre. mesmo dizendo que eu não valho nada, o bem que você me faz eu nunca vou saber retribuir... por mim te arrastaria comigo pra todo canto, só pra garantir que vc sempre estaria bem, mesmo sabendo que eu não sou boa companhia, nem frequento os melhores lugares, mas de uma coisa eu te dou absoluta certeza:
eu nunca deixaria nada te fazer mal nenhum x)"
adoro quando as pessoas me surpreendem! *-*

terça-feira, 5 de maio de 2009

Era uma vez...

... Era mais uma vez em que ela não sabia dizer o que estava acontecendo; era uma sensação de que ela estava perdendo algo, desperdiçando a vida, nada estava no rumo que ela sempre planejou. Como ela queria sumir por um tempo. Um final de semana, quem sabe; sem mãe, pai, irmãos, cachorros, amigos, escola, sem nada... só ela!
Contradição de pensamentos, vontades, sentimos. Um impulso a levou a guardar sua música em uma proteção de pano e deixá-la encostada em uma das paredes do quarto - doeu tanto, parece ter sido pra sempre (e talvez tenha mesmo).

Escrevendo em seu diário quase que secreto ela perde tudo o que guarda dentro de sí em meio as palavras. Ela é ótima para ouvir a todos e falar com eles sobre eles, mas em relação à sí se cala. Isso não muda!