quinta-feira, 30 de abril de 2009

Enquanto chorava...




... a amiga, preocupada, tentando saber o motivo para o choro, pergunta:


- Isso tem haver com alguma mutação?


- Não. Ela responde. "Porque isso nunca muda." - pensa.




terça-feira, 21 de abril de 2009

21/04/209 - 9:28PM

Ela tanto quis não gostar mais dele que conseguiu. Também pudera, depois de tantas decepções, preocupações, mentiras... depois de perder a confiança em quem tanto se confiou é normal querer ficar sozinha por algum tempo. Alguém alí, outro aqui, mas nada de sentimentos para com alguém que não fosse com ela, era a sua hora e foi bom assim; ela amadureceu, aprendeu, passou a dar valor para aquela coisinha tão importante: o amor próprio. Mas, como ninguém é perfeito, em uma coisa ela errou: no tempo.
Ela não percebeu que estava deixando seu período de recessão ser longo demais; que estava se afastando das pessoas, não deixando ninguém se aproximar, que estava se fechando de um modo que não consguia mais deixar-se sentir... que tinha chegado num ponto em que estava podando seus sentimentos antes de darem frutos. Pobre garota, só estava tentando se proteger, só estava com medo de se machucar, mas não percebia que estava com medo também de dar uma chance para a felicidade.
Se acostumou com a solidão; a assistir filmes abraçada em almofadas, a dormir debruçada sob o travesseiro...
Agora, ela cansou de ficar só, é como se ela fosse oca e ela não quer mais isso, mas, depois de tanto tempo, como ela vai conseguir deixar-se envolver novamente?

terça-feira, 14 de abril de 2009

"Se eu fosse eu"

"Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.


E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? não sei.


Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.


"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais".



Clarice Lispector





*Texto recomendado pela minha queridíssima Tia Gel. Obrigada, Tia!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

06/ 04/ 2009 - 2:36AM

Há livros por todos os cantos
Folhas por todo o chão
E fotos por todos os lados

Os livros, os sonhos do futuro
As folhas, o desabafo do presente
E as fotos, as lembranças do passado

E no escuro da noite, tudo se mistura

Vê-se que o presente
Não é o futuro com o qual sonhamos um dia
Mas que um dia, em fotos, será o passado
Do qual sentiremos saudade
E o futuro será o presente
Que estaremos vivendo, e não sonhando ...