quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Deusa Bastet

Durante grande parte da história egípcia, animais vivos associados a deuses foram criados nos templos, onde viviam com mimado luxo. Um crocodilo que representava o deus do Sol, da Terra e da Água descansava no tanque do templo Crocodilópolis. O íbis de Thot era guardado em Hermópolis. Uma gata que representava uma Deusa da alegria e do amor vivia preguiçosamente num templo em Bast. E, quando estes animais morriam eram mumificados; como seres humanos.

O culto dos animais e da natureza é comum às sociedades primitivas, nas quais o homem é dominado pelo mundo que o cerca e existe graças a ele. Mas, a medida que este homem adquire mais experiência e aprende a enfrentar a natureza, o respeito pelos mistérios naturais diminui ao mesmo tempo que aumenta a valorização das qualidades humanas. Neste momento, seus deuses passam por um processo de transição de conceitos zoomórficos para antropomórficos, abandonando a forma animal para assumir a forma humana.Foi exatamente o que ocorreu com os egípcios. Algum tempo antes do advento da Primeira Dinastia, o antromorfismo, concepção dos deuses sob forma humana, apareceu na religião egípcia .

Mas a tradição não morre com facilidade e os velhos conceitos religiosos não são substituídos da noite para o dia. Os egípcios incorporaram o antropomorfismo pouco a pouco, fundindo as três idéias da natureza, do animal e do homem. Uma das primeiras divindades que experimentaram esta fusão foi Sekhmet com sua cabeça de leoa.

No Templo de Luxor, cães e gatos viviam em paz. Mas os egípcios não olhavam para eles com olhar indiferente ou compassivo. "Estes seres", diziam eles, "são receptáculos da alma. Não têm necessidade de conhecer os espíritos porque eles são os espíritos."

Bastet é a Deusa gata de Bubastis (cidade do Delta do Nilo), era guardiã das casas, feroz defensora de seus filhos, representando o amor maternal. É também a Deusa de música e da dança, protetora de todos os gatos, mas inimiga das serpentes. Filha do Sol, encarna o aspecto pacífico da deusa Sekhmet.

Os egípcios parecem ter tido dificuldades para dissociar estas duas divindades e dizem que Bastet e Sekhmet são uma única pessoa com personalidades e características diferentes.A primeira é amável e sossegada, enquanto que a segunda é guerreira implacável. Quando Bastet se enfurecia transformava-se na terrível Sekhmet uma leoa que punha pela garganta. Passada da cólera metamorfoseava-se novamente em gata, reassumindo sua docilidade.

Pelo seu aspecto colérico é associada a Sekhmet e, em virtude dessa identificação com a esposa de Ptah e mãe artificial de Nefertum (o filho de Ptak e Sekhemet). Mahés, o deus da cabeça de leão, era também visto como seu filho. Em outra assimilação, é aproximada de Mut (Mut-Bastet), chegando a ser chamada de Senhora de título de Mut.

Em sua forma primitiva era representada como uma mulher com cabeça de leoa, que levava em uma das mãos a cruz ankl, símbolo da vida e na outra, um cetro. Mais tarde, adota a iconografia de uma gata. Esta gata aparece então, majestosamente erguida sobre suas patas traseiras e adornada com jóias (brinco na orelha), ou como uma mulher com cabeça de gata.

Quando se apresenta na forma de gata, essa Deusa está ainda, conectada com a Lua.Quando representada na forma de leoa é associada à luz solar. Bastet também é conhecida como a "Senhora do Leste", enquanto que Sehkmet é a "Senhora do Oeste". Bastet é esposa e irmã do deus Sol e a alma da Isis. Bastet era sempre representada com uma ninhada de gatinhos a seus pés para simbolizar a fertilidade.

O gato, tão amado pelos egípcios, não era apenas um felino ardiloso e inteligente. É também a encarnação de Rá, de Hathor e de Bastet.O templo de Bastet mantinha gatos sagrados que eram embalsamados em grande cerimônia quando morriam.Todo aquele que matasse um gato no Egito recebia sentença de morte. Gatos pretos eram especialmente sagrados a Bastet, por isso é muito tê-los em casa. O símbolo do gato preto era utilizado pelos médicos egípcios para anunciar a sua capacidade de cura.

Pensava-se que os sacerdotes de Bastet tivessem criado o gato doméstico a partir do "cerval", felídeo africano conhecido no sul do Saara.

O sistro e o espelho de Hathor eram decorados com gatos. Este animal representava a lua (Pasht). O nome egípcio para o gato era "Mau". O gato foi domesticado logo no início e era muito valorizado por ser matador de cobras.

O gato está claramente associado à Grande Deusa e, portanto, ao ciclo Fecundidade-Fertilidade-Sexualidade-Água-Lua. Segundo Robert Graves, não é muito difícil imaginar porque os gatos são considerados particularmente sagrados em relação à deusa-Lua:"Os olhos dos gatos brilham à noite, eles se alimentam de camundongos (símbolos de epidemia); copulam abertamente e se deslocam sem ruído; são prolíficos, mas podem devorar seus próprios filhos; suas cores variam, como as da Lua, do branco ao vermelho e ao preto.

Bast é a mãe de todos os felinos identificada pelos gregos, com Ártemis ou Diana, também chamadas de mãe dos felinos.

(...)No Império Novo, patenteia ainda a sua vertente de Deusa leonina da guerra, para conhecer, no período líbico, a sua fase de apogeu como divindade nacional, quando Bubastis, passou de capital do 18º sepat do Alto Egito a capital do Egito, durante as XXII e XIII dinastias.

Chechonk I (924-889 a,C,) e vários outros representantes da XXII dinastia (líbica ou bubástica) auto-qualificaram-se de;filhos de Bastet refeletindo a antroponímia do Egito líbio e sua crescente popularidade.

A Deusa Bastet acabou convertida em objeto de caça as bruxas na Idade Média devida a sua associação com as mulheres e com a Lua. É possível que o nexo de Bastet com os gatos fizera com que estes fossem perseguidos juntamente com as mulheres acusadas de bruxaria.



Fonte: http://www.rosanevolpatto.trd.br/

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