Composição: Caetano Veloso
Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme
O ciúme lançou sua flecha preta
E acertou no meio exato da garganta
Quem nem alegre nem triste nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta
Velho Chico vens de Minas
De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti, não me ensinas
E eu sou só, eu só, eu só, eu
Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas, na voz que canta tudo ainda arde
Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme
Inspira... Um, dois, três, quat...
Está tudo bem. Quem imaginaria contrário?
Por dentro é que corrói.
Por um riso, um texto, um telefonema, uma foto, um bilhete; mínimos, eu sei... Sinto facas afiadíssimas perfurando-me.
Não posso falar, não tenho direito algum.
... ro, cinco, seis, set... chega! Só, as lágrimas podem escorrer.
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