quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Garota Interrompida


Já tinham me falado do filme, até me interessei, mas acabei esquecendo. Praticamente não assisto televisão; não acompanho programas, novelas, séries... Ontem a noite, quando todos já estavam indo dormir, iria desligar a tv e ficar aqui no computador, mas antes resolvi dar uma olhada nos canais para ver o que estava passando e então iria começar o filme.
Os primeiros minutos é a narração do seguinte trecho:

“Você já confundiu um sonho com a vida real? Ou roubou alguma coisa pela qual podia pagar? Você já se sentiu deprimido? Ou pensou que o trem estava andando quando estava parado? Talvez eu simplesmente fosse louca. Talvez fossem os anos 60. Ou talvez eu fosse apenas uma garota… interrompida”

Bastou para eu querer assistir até o fim.
Assisti, adorei, anotei alguns trechos e nomes de patologias citadas para pesquisar.
Descobri que o filme é baseado no livro escrito por Susanna Kaysen, a Garota Interrompida, onde ela fala das memórias que guarda por ter passado dois anos em um hospital psiquiátrico após ter tomado um frasco de aspirina com um litro de vodka.
O hospital em questão era o Hospital McLean, conhecido por ter hospedado famosos como Ray Charles e James Taylor. Encontrei um trecho do livro, em que a garota diz “O hospital se especializou em poetas e cantores, ou será que os poetas e cantores se especializaram na loucura?”.
No filme, quase sempre Susanna está com um caderno, como um diário, anotando seus pensamentos. Ela diz ter como objetivo de vida ser escritora e é muito criticada por isso, e também por ter vários relacionamentos. E foi exatamente essa a vida que ela seguiu após sair do hospital: sendo escritora e tendo muitos namorados.
Aí fica a pergunta, que encontrei em uma crítica sobre a história: "Não se encaixar em um modelo predefinido pela sociedade pode ser considerado doença mental?"
Respondo com outra pergunta, retirada do filme: "O que se sabe sobre ser normal?"
Pois é... Particularmente, na maior parte do filme, os desejos, as manias, o comportamento, a personalidade de Susanna não é quase que nada diferente a de tantas outras garotas interrompidas pela tão falada fase da adolescência.
E, embora hoje não pareça (eu acho), ví muito de mim por volta dos doze anos nessa garota... Sério? Sim, sério. "Se algum dia fui louca? Talvez. Ou talvez a vida é que seja. Ser louca não é estar quebrada ou engolir um segredo sombrio. É ser como você, ou eu: amplificada. Se você já contou uma mentira e gostou ou alguma vez quis pra sempre ser criança..."

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Fictícia Realidade

Surreal. Não encontro palavra de melhor encaixe a respeito de situações como essa.
Um bom tempo já se passou e, com esforço, camuflei todo acontecido em minha mente como se fosse apenas mas uma história de algum livro ou filme.
Aproximação repentina e consigo ver a mesma maneira de olhar, de sorrir; os mesmos gestos, os mesmos assuntos. Num lapso, lembro-me que tudo foi real e um frio percorre pelo meu corpo ao deparar-me com alguém assim, novamente.
Voltam aos "por ques", os medos, desconfianças, curiosidade, a paranóia - ou não. Afinal, se tudo fosse só fantasia não teriam tantos fatos, tantas mudanças - principalmente em mim -, nem nenhum sentimento de que algo me foi roubado.
E agora, o que fazer? Não deixar envolver-me - afinal, já estou vacinada à isso - e simplesmente ignorar ou enfrentar, desafiar, jogar tanto quanto... ?
Mesmo que quisesse a primeira opção, é uma força maior. Nada é de todo ruim, não? O que já passou, ou apenas está adormecido, foi o ponto para encontrar o que buscava, o caminho que estou seguindo agora... Bem, que sempre segui, mas não sabia que nome dar e nem como me aprofundar.
Se para chegar a realizão é preciso me aprofundar, logo, tenho que enfrentar.
Roubaram-me uma parte muito grande, mas muito maior é a sede que fizeram evoluir.

"Quantas vezes eu estive cara a cara com a pior metade?
A lembrança no espelho, a esperança na outra margem.
Quantas vezes a gente sobrevive a hora da verdade?
Na falta de algo melhor, nunca me faltou coragem.
Se eu soubesse antes o que sei agora,
erraria tudo exatamente igual."

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O homem que foi colocado numa gaiola.

Certa noite, o soberano de uma pias distante estava de pé à janela, ouvindo vagamente a música que vinha da sala de recepção, do outro lado do palácio. Estava cansado da recepção diplomática a que acabara de comparecer e olhava pela janela, cogitando sobre o mundo em geral e nada em particular. Seu olhar pousou num homem que se encontrava na praça, lá embaixo - aparentemente um elemento da classe média, encaminhando-se para a esquina, a fim de tomar um bonde para casa, percurso que fazia cinco noites por semana, há muitos anos. O rei acompanhou o homem em iamginação - fantasiou-o chegando a casa, beijando distraidamente a mulher, fazendo sua refeição, indagando se tudo estava bem com as crianças, lendo o jornal, indo para a cama, talvez se entregando ao ato do amor com a mulher, ou talvez não, dormindo, e levantando-se para sair novamente para o trabalho no dia seguinte.

E uma súbita curiosidade assaltou o rei, que por um momento esqueceu o cansaço. "- Quem aconteceria se conservassem uma pessoa numa gaiola, como os animais do zoológico?"

No dia seguinte, o rei chamou um psicólogo, falou-lhe de sua idéia e convidou-o a observar a experiência. Em seguida, mandou trazer uma gaiola do zoológico e o homem de classe média foi nela colocado.
A principio ficou apenas confuso, repetindo para o psicólogo, que o observava do lado de fora: "- Preciso pegar o trem, preciso ir para o trabalho, veja que horas são, chegarei atrasado!" À tarde começou a perceber o que estava acontecendo e protestou, veemente: "- O rei não pode fazer isso comigo! É injusto, é contra a lei!" Falava com voz forte e olhos faiscantes de raiva.
Durante a semana continuou a reclamar com veemência. Quando o rei passava pela gaiola, o que acontecia diariamente, protestava direto ao monarca. Mas este respondia: "- Você está bem alimentado, tem uma boa cama, não precisa trabalhar. Estamos cuidando de você. Por que reclama?" Após alguns dias, as objeções do homem começaram a diminuir e acabaram por cessar totalmente. Ficava quieto na gaiola, recusando-se em geral a falar, mas o psicólogo via que seus olhos brilhavam de ódio.
Após várias semanas, o psicólogo notou que havia uma pausa cada vez mais porlongada depois que o rei lhe lembrava diariamente que estavam cuidando bem dele - durante um segundo o ódio era afastado, para depois voltar - como se o homem perguntasse a si mesmo se seria verdade o que o rei havia dito.
Mais algumas semanas passaram-se e o prisioneiro começou a discutir com o psicólogo se seria útil dar a alguém a lemento e abrigo, a afirmar que o homem tinha que viver seu destino de qulquer maneira e que era sensato aceitá-lo. Assim, quando um grupo de porfessores e alunos veio um dia observá-lo na gaiola, tratou-os cordialmente, explicando que escolhera aquela maneira de viver; que havia grandes vantagens em estar protegido; que eles veriam com certeza o quanto era sensata a sua maneira de agir, etc. Que coisa estranha e patética, pensou o psicólogo. Por que insiste tanto em que aprovem sua maneira de viver?
Nos dia seguintes, quando o rei passava pelo pátio, o homem inclinava-se por detrás das barras da gaiola, agradecendo-lhe o alimento e o abrigo. Mas quando não percebia estra sendo observado pelo psicólogo, sua experssão era inteiramente diversa - impertinente e mal-humorada. Quando lhe entregava o alimento pelas grades, às vezes deixava cair os pratos, ou derramava a água, e depois ficava embaraçado por ter sido desajeitado. Sua conversação passou a ter um único sentido: em vezde compicadas teorias filosóficas sobre as vantagens de ser tratado, limitava-se a freses simples como: "- É o destino", que repetia infinitamente. Ou então murmurava apenas: "- É".
Difícil dizer quando se estabeleceu a última fase, mas o psicólogo percebeu um dia que o rosto do homem não tinha expressão alguma: o serriso deixara de ser subserviente, tornara-se vazio, sem sentido, como a careta de um bebê aflito com gases. O homem comia, trocava algumas frases com o psicólogo, de vez em quando. Tinha o olhar vago e distante e, embora fitasse o psicólogo, parecia não vê-lo de verdade.
Em suas raras conversas deixou de usar a palavra "eu". Aceitara a gaiola. Não sentia ira, zanga, não racionalizava. Estava louco.
Naquela noite, o psicólogo instalou-se em seu gabinete, procurando escrever o relatório final, mas achando dificuldade em encontrar os termos corretos, pois sentia um grande vazio interior. Procurava tranquilizar-se com as palavras: "- Dizem que nada se perde, que a matéria simplesmente se transforma em energia e é assim recuperada". Contudo, não podia afastar a idéia de que algo se perdera, algo fora roubado ao universo naquela experiência. E o que restava era o vazio.
(O homem à procura de sí mesmo. - Rollo May)


terça-feira, 21 de setembro de 2010

Irritavelmente irritante.

- Quantos anos você tem?
- Dezoito.
- Não parece.
- Por quê?
- Porque não.
- E quantos anos parece que eu tenho então?
- Não sei, mas não é dezoito.

- Vocês andam sempre juntas?
- Sim.
- Engraçado.
- Por quê?
- Não parece.
- Por quê?
- Não sei. (...) Você pensa mais que elas.
- Vou considerar isso um elogio.
- Dizer a uma pessoa que ela pensa muito pode não ser considerado elogio?
- Não sempre.

- Você é quieta.
- Não.
- É sim.
- Se você acha...
- E você fica sempre assim?
- Assim como?
- Observando as pessoas.
- Se você acha...

domingo, 19 de setembro de 2010

"Nós somos música perante nossa ritmicidade ao caminhar, ao respirar, nas batidas do coração. [...]"
.
(Artigo: O lúdico e o desenvolvimento infantil: um enoque na música e no cuidado da enfermagem. - Ana Paula Xavier Ravelli e Maria da Graça Corso da Motta)
E até onde eu tinha aprendido, o amor tem que vir do coração, não da mente.
Aí notei que eu falharia miseravelmente, de um jeito ou de outro.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Errado é aquele
que fala correto
e não vive o que diz!

domingo, 12 de setembro de 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Invertidos Papéis


Não. Não quero nem saber. Pouco me importa como você está, o que lhe acontece. Rí, chore, sangre... Dane-se! Nunca me importou.
Importa a mim. Se eu rio, se eu choro, se eu sangro. Até porque, eu não posso sangrar. Chorar, só se for de felicidade - que é o que busco pra mim, só para mim. Eu, eu, eu, esse é o mundo que me interessa.
Quanto à você: um jogo, desses que a gente joga até conseguir o prêmio e depois parte pra outro. Que prêmio? Coração. Pois, como o meu é frio, coleciono outros que estejam quentes, fortes, pulsando.
Não espere sentimento algum, que dure mais que quinze minutos.
O que você ainda tá fazendo aí? Seu coração já está comigo; e o do jogo que te substituiu também e logo o do jogo seguinte.
Isso que quero. Isso que me importa.
Agora que já consegui, tchau.

Ass: Insensível


(hauhauhauhauhuahua)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Frase solta de uma aula...

A loucura é o oposto da razão.
E a razão é burra, porque ela insiste nas mesmas respostas.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

What goes around... comes around.

CADA UM COLHE AQUILO QUE PLANTA
O PLATINHO É LIVRE,
MAS A COLHEITA,
OBRIGATÓRIA!

A Verdade

Pessoa adorável, uma pena estar assim.
Sempre tão feliz, tão animada, disposta a ajudar a todos. Talvez aí esteja o problema, ela passa por ingênua; abusam de sua boa vontade e acabam fazendo o que querem com ela.

O sorriso em seu rosto não passa do sarcasmo. Sua ingenuidade juntamente com a bondade formam uma máscara que não deixa outros verem as coisas de que é capaz.

Obrigada por mais uma decepção.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Ela roubava livros, ele roubava as estrelas.

A pergunta é: E quando o outro é muito mais do que um?

Como todo sofrimento,esse começou com uma aparente felicidade.

O ser humano é contraditório. Um punhado de bem,um punhado de mal. É só misturar com água.

O meu coração é que está cansado.

Pode alguém roubar a felicidade? Ou será que ela é apenas mais um infernal truque interno dos humanos?

Vejo sua feiúra e sua beleza,e me pergunto como uma mesma coisa pode ser as duas.

Afinal, é covardia reconhecer o medo?

Se ao menos pudesse voltar a ser tão distraída,a sentir tanto amor sem saber...

Ela possuía a habilidade singular de irritar quase todas as pessoas que encontrava.

Está aí uma coisa que nunca saberei nem compreenderei - do que os humanos são capazes.

Estão vendo o arranhão dentro de mim? Estão vendo ele crescer bem diante dos seus olhos,me corroendo?

Uma especialista em ser deixada para trás.

Como uma mesma coisa podia ser tão medonha e tão gloriosa,e ter palavras e histórias tão amaldiçoadas e tão brilhantes?

A menina não o produzia com freqüência,mas quando ele surgia,seu sorriso era faminto.

Acho que os seres humanos gostam de assistir a uma destruiçãozinha. Castelos de areia, castelo de cartas, é por aí que começam.

Tudo que pude fazer foi virar-me e dizer a única verdade que realmente sei: Os seres humanos me assombram.

Ele voltou a sorrir. Ela odiava aquele sorriso.

Se preparou para falar,mas as palavras disponíveis eram muito numerosas e rápidas demais.

Desejou que ele a beijasse. Quis que ele arrastasse sua mão e a puxasse para si.

Sua voz era quase inaudível, mas os olhos gritavam mais do que nunca.

É difícil não gostar de um homem que não apenas nota as cores, mas fala delas.

Em algum lugar, bem no fundo, havia uma comichão em seu peito, mas fazia questão de não coçar. Tinha medo do que pudesse vazar dela.

Nada além de pensamentos.

Uma definição não encontrada no dicionário: ‘Não ir embora’: Ato de confiança e amor, comumente decifrado pelas crianças.

A sua fraqueza era a impaciência.

Estampava no rosto uma expressão estranha. Talvez fosse a densidade, o peso da lembrança.

[A menina que roubava livros]