terça-feira, 31 de agosto de 2010

Metal contra as nuvens

Não sou escravo de ninguém
Ninguém, senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E, por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz.
Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.
Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra tem a lua, tem estrelas
E sempre terá.
Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa.
Quase acreditei, quase acreditei
E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.
É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez, o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.
Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Não me entrego sem lutar
Tenho, ainda, coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.
Olha o sopro do dragão...
Tudo passa, tudo passará...
E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.
E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

0.9 da Minha Gatinha

Olha
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
O rosto da atriz
Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Olha
Será que ela é de louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Sim, me leva pra sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Aí, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz
Olha
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se o arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida



Chico Buarque

Pra coleção, novinho em folha.


Ninguém

Sapato baixo, calça larga e cabelo preso. Esquentou e seus ombros tensos agradecem. Que cara bonita é essa? Já logo no elevador. Ah, devo ter dormido bem. Bom dia, bom dia. Olha, você está muito bonita hoje. Um fala, outro concorda. E pelos corredores, sorrisos dão continuidade aos elogios. O que é? Que segredo ela guarda? Que novidade é essa? Na cozinha perguntam: novo amor? No estacionamento perguntam: voltou com alguém? No restaurante, na hora do almoço: é alguém novo? Cruza com um namorado antigo “nossa, você tá muito... é o quê? Sexo? A noite toda? Conta, vai, eu agüento ouvir”. Contar o quê? No espelho, enquanto escova os dentes, fecha os olhos e sabe pra si o segredo: ninguém. Não gostar de ninguém. Nada. Nem um restinho de nada. Nem de tudo que acabou e nem de nada que possa começar. Nada. Pouco importa qualquer outra vida do mundo. Não é nem pouco, é nada mesmo. Um dia inteiro para achar gostosas coisas bobas como um pacote de pipoca doce, um tênis pink ou a hora do banho quente com músicas recém baixadas e o tapetinho vermelho. Um dia inteiro sem escravidão. O celular, o e-mail, o telefone de casa, o ar, o interfone, a rua. São o que são e não carrascos que nada dizem e nada trazem. Um coração calmo, se ocupando de mandar sangue para as horas felizes de trabalho, estudo, yoga, massagem, dormir, bobeiras, pilates, comer, rir, cabelo, filmes, comprar, trabalhar mais, ler, amigos . É isso. Uma agenda enorme que a ocupa de ser ela e não sobra uma linha de dia pra lamentar existências alheias. Linda, ela segue. Linda e feliz como nunca. O segredo do espelho, escovando os dentes, sozinha, aperta os olhos, segura a alma um pouco sem respirar. Segura a pasta pensando que é um pouco de alma consistente na boca. Não cospe, suporte. Ela pode finalmente suportar seu peso e não dividir isso nem com o ventinho que entra pela janela. Nem com o ralo que a espera boquiaberto. A sensação é a da manhã seguinte que o papai Noel deixava os presentes: não é mentira, é só um jeito de contar a verdade com algum encantamento.

Pra variar: Tati Bernardi

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A mente humana me absurda!


"Conheças todas as teorias, domine todas as técnicas,mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana"
(Carl Gustav Jung)

Dois dos parabéns que recebi:
"Nossa mano você merece muito um presente, por me aguentar desabafando ;( <3"
"Feliz dia das psicólogas que jogam na cara e obrigada! s2"
Obrigada!!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Falar é fácil


Falar é fácil. Muito fácil.
Quando a situação não lhe diz respeito. Quando o assunto não lhe afeta. Quando as pessoas afetas não lhe importam (ou importam que elas sejam afetadas).
Se intrometer, dar opniões, dizer certezas que não passam de "achismos" é fácil. Muito fácil.
Tão fácil quanto falar e não cumprir. Quanto falar... e só falar. Só pra ter o gostinho de se mostrar alí, de se lembrar, de aumentar o ego.
Não gosto do que é fácil.
Falar por falar. Falar pra afetar (de forma negativa). Falar e não fazer... não é comigo.
Muito menos o que quero para comigo.
.
"Cale a boca, não me venha com essa história sonsa... em você sempre me falta alguma coisa. [...] Cale essa tua boca rasa, de onde nunca sai nada que me valha. Cale a boca, de qualquer maneira, deixa ela costurada... só assim não tenho que ouvir o seu nada!"
(O Farol - Isabella Taviani)
"So just hush. Baby, shut up, heard enough... stop ta-ta talking that blah blah
blah." (Blah Blah Blah - Ke$ha)
.
[Amo de paixão as duas músicas]

domingo, 15 de agosto de 2010

"Depois, um amigo me chamou para ajudá-lo a cuidar da dor dele.
Guardei a minha no bolso. E fui.”

sábado, 14 de agosto de 2010









"Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro."
(Sigmund Freud)

Por quem, realmente?


É por ele ou por você que essas lágrimas escorrem? É pelo que aconteceu ou pelo que acontece antes mesmo de vocês se conhecerem? É por como era ou por como está?
E como está? E por que mudou o que era?
Não. Não ele. Antes. Você. Cadê?




"Tão logo essa palavra ''amor'' lhe ocorreu, ela a rejeitou" [Vírginia Woolf]

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Clarice Lispector... Sempre!

- Sabe, mamãe, às vezes eu tenho vontade de experimentar ficar louco.

- Mas pra quê?

- Pra me libertar, assim eu fico livre!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Acontecendo...

Parece que as coisas foram colocadas numa montanha russa e enquanto não consigo organizar minha mente para medir palavras e termos em um texto, fica a música que se repete insistentemente na mesma.



Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...
Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...




[Música: Paciência - Lenine
Foto: O tempo é uma coisa relativa - minha primalinda, Júlia D'Alessandro (mais fotos: http://www.flickr.com/juliadalessandro)]

sábado, 7 de agosto de 2010

Love in the afternoon

Dizem que nada dói mais que a dor da saudade. Dizem também que todos que se vão deixam um pouco de sí, levam um pouco de nós.
Em muitos momentos eu penso que o que foi levado foi muito, quase tudo e do pouco que ficou, a maior parte é a deixada pelo outro.
Saudade não me parece a palavra certa pra justificar essa dor que fica. Essa falta. Esse vazio. Esse oco. Esse nada.


Notas. Acordes. Letras. Melodias. Pinturas. Fotos. Sorrisos. Aromas. Símbolos. Histórias. Livros. Abraços. Filmes.

Tantos planos feitos, sonhos... Alguns realizados. Outros se realizando. Com uma parte ausente. Com um "olha, eu consegui" se perdendo no ar. E um "parabéns", "você cosegue", "eu já sabia que você ia conseguir" que o eco não traz.

Mas nem por isso vou deixar de trilhar o que por mim foi sonhado, apoiado e que, de alguma maneira, acredito que ainda seja esperado. É que às vezes, quando se para pra pensar bem afundo, não há palavras pra expressar o que se passa... Quase não dá pra acreditar que tanto tempo já se passou e que consegui me reerguer consideravelmente bem.


Ficou a maior admiração. O maior exemplo de vida, de se viver, de se saber viver... de ter forças para viver. É nisso que me prendo! Força.

Por que é impossível esquecer tanta marca boa, mas a lembrança daquele começo de agosto, do fim de tarde, das últimas palavras, o último olhar e minha incapacidade para impedir o que acontecia [...]


"[...] e o que sinto, não sei dizer." [Love in the afternoon - Legião Urbana]

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O mundo gira e bota sempre tudo no lugar.

Engraçado, durante três anos o fim das férias, dos feriados, dos finais de semana eram mais que um tormento. Durante três anos a obrigação de passar cinco horas em local era aterrorizante, desanimadora, desesperançosa. Durante três anos, num começo de agosto como esse eu estaria chegando em casa, com a cabeça explodino, o corpo ruim - e a mente pior ainda - talvez nem almoçaria, só deitaria e dormiria parte da tarde e ao acordar estudaria o que foi falado a manhã toda, mas eu não tinha ouvido nada.
No entanto, há três semanas conto os dias para que o dia de hoje chegue e agora minha animação parece estar maior que a de uma criança indo para o primeiro dia da primeira série.
Tão bom não ter mais aquela angústia, não ter que ficar dentro daquele clima pesado, daquela energia ruim.
Ótimo tudo ter melhorado tanto e alguns meses ter mudado três anos gratificamente.

domingo, 1 de agosto de 2010


Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!
Machado de Assis