quinta-feira, 20 de maio de 2010

Mi sustenido.


Gosto de escrever
De me contar
De me esconder

Loucura é meu oxigênio
Música minha droga

Lágrima é o meu sorriso
E sentir é o meu sentido.

[2:33AM]














"Abrace sua loucura antes que seja tarde demais." [Caio Fernando Abreu]

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Abstrato.

Não faz muitos dias que "sem porque" pensei e até escrevi aqui a seguinte frase: "Palavras me encantam. Entrelinhas me cativam."
Mais uma vez ví como realmente nada é por acaso.

Há tanto que posso dizer, mas fica mais claro se eu parar por aqui. Afinal, *"já que se há de escrever, que ao menos não se esmague em palavras as entrelinhas."

*Clarice Lispector

terça-feira, 18 de maio de 2010

Ponto

Confesso, continuo pensando em você mais do que deveria, mas o modo de pensar está diferente.
Acho que da próxima vez que nos encontrarmos vai ser tão triste [...] É, triste. Porque vai ser normal. E, para mim, que não se atrai com o comum, é triste quando algo diferente torna-se normal.
Mas sabe... Pensando bem... Você é tão normal.
Tá certo que eu não exergo nada bem, mas como pude ver tantas coisas irreais em você?
Esporte, cerveja e mulher. Acabou. É nisso em que você se resume.
Sei que, do cara que eu conheci, você evoluiu bastante. Mas sempre acaba com as mesmas oscilações e toda história se repete em um círculo vicioso.
E monotonia, meu bem, eu dispenso!



"E você me olha com essa carinha banal de “me espera só mais um pouquinho”. Querendo me congelar enquanto você confere pela centésima vez se não tem mesmo nenhuma mulher melhor do que eu. E sempre volta.Volta porque pode até ter uma coxa mais dura. Pode até ter uma conta bancária mais recheada. Pode até ter alguma descolada que te deixe instigado. Mas não tem nenhuma melhor do que eu. Não tem.
Porque, quando você está com medo da vida, é na minha mania de rir de tudo que você encontra forças. E, quando você está rindo de tudo, é na minha neurose que encontra um pouco de chão. E, quando precisa se sentir especial e amado, é pra mim que você liga. E, quando está longe de casa gosta de ouvir minha voz pra se sentir perto de você. E, quando pensa em alguém em algum momento de solidão, seja para chorar ou para ter algum pensamento mais safado, é em mim que você pensa. Eu sei de tudo. Mas chega disso.
Caiu finalmente a minha ficha do quanto você é, tão e somente, um cara burro. E do quanto você jamais vai encontrar uma mulher que nem eu nesses lugares deprê em que procura. E do quanto a sua felicidade sem mim deve ser pouca pra você viver reafirmando o quanto é feliz sem mim e principalmente viver reafirmando isso pra mim. Sabe o quê? Eu vou para a cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você. Ao invés de estar por aí caçando qualquer mala na rua pra te esquecer ou para me esquecer. Porque eu me banco sozinha e eu me banco com um coração. E não me sinto fraca ou boba ou perdendo meu tempo por causa disso. E eu malho todo dia igual a essas suas amiguinhas de quem você tanto gosta, mas tenho algo que certamente você não encontra nelas: assunto. Bastante assunto.
Eu não faço desfile de moda todos os segundos do meu dia porque me acho bonita sem precisar de chapinha, salto alto e peito de pomba.Eu tenho pena das mulheres que correm o tempo todo atrás de se tornarem a melhor fruta de uma feira. Pra depois serem apalpadas e terem seus bagaços cuspidos.
Também sou convidada para essas festinhas com gente “wanna be” que você adora. Mas eu já sou alguém e não preciso mais querer ser. E eu, finalmente, deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim."
[Tati Bernardi]

sábado, 15 de maio de 2010

Strip-tease

Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.
Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente.
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.

Primeiro tirou a máscara:
" Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa que tem dominado meus sentidos. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade."

Então ela desfez-se da arrogância:
" Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você parece estar entranhado no que sou."

Era o pudor sendo desabotoado:
" Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou."

Retirava o medo:
" Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com os sentimenos. Por isso, não sei qual adjetivo usar para definir o que sinto por você. Mas o fato é que sinto."

Por fim, a última peça caía, deixando-a nua:
"Eu gostaria de estar com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber o que realmente se passa por trás das minhas atitudes e deixá-lo pensar a respeito. Se um dia você compreender e então quiser retribuir da mesma maneira, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui ".

E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.
.
(Texto de Martha Medeiros, mas com algumas modificações minhas.)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Todas as palavras tomadas literalmente são falsas. A verdade mora no silêncio que existe em volta das palavras. Prestar atenção ao que não foi dito, ler as entrelinhas. A atenção flutua: toca as palavras sem ser por elas enfeitiçada. Cuidado com a sedução da clareza! Cuidado com o engano do óbvio!

(Rubem Alves).

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Sol&Chuva. Chuva&Sol.

Engraçado. Só hoje fui notar como nossos principais dias são sob o tempo com clima assim: instável.
Deve ser pra combinar com essa situação que nos envolve.
Vejo suas palavras e atitudes colidirem. Vejo o mesmo em mim. Suas atitudes entregam, enquanto suas palavras recuam; ao mesmo tempo, minhas atitudes recuam, enquanto minhas palavras entregam. Ou é totalmente ao contrário.
E assim segue nosso conto: sem coerência ou coesão. Sem encontrar um ponto final.
Somos frágeis testemunhas de um crime sem perdão e fico pensando se não ficou assim porque eu falei sem pensar.
Agora, sigo com o coração na mão; incerto em ser como o refrão de um bolero: sincero - como não se pode ser - ou não. Analisando se isso pode tornar-se um erro tão vulgar que me persiga a noite inteira e que quando acabar a bebedeira ele consiga me achar... Num bar, com um vinho barato, um cigarro no cinzeiro e uma cara embriagada no espelho do banheiro.
Teus lábios são labirintos que atraem os meus instintos mais sacanas, enquanto o seu olhar - sempre distante - sempre me engana.
Reencontrar você preenche várias linhas, acredito que páginas, em nosso conto. Introdução formada por orações exclamativas. Justificativa com orações interrogativas. Conclusão seguida de reticências.
Pode ser também nada a mais que educação. Porque, pra ser sincero, não espero que você me perdoe por ter perdido a calma. E, embora eu me esquive disso, não dá para esconder que nós dois temos os mesmos defeitos, sabemos tudo ao nosso respeito, tornamo-nos suspeitos de um crime perfeito ... e que crimes perfeitos não deixam suspeitos.
O problema é que, de certa forma, eu gosto que seja assim:
Olha em meus olhos, tente me decifrar ao mesmo tempo em que me instiga. Desvia o olhar depois, procurando - talvez - desviar o pensamento também. Suas mãos... você não sabe o que fazer com elas, mexe nas coisas ao seu redor.
Não fala nada. Deixa tudo assim, por mim. Eu não me importo que nós não somos bem assim; é tudo real ... nas minhas mentiras. E assim não faz mal. E assim não me faz mal não. Noite e dia se completam, o nosso amor e ódio eterno. Eu te imagino. Eu te conserto. Eu faço a cena que eu quiser [...]

Músicas usadas no texto: Refrão de um bolero - Engenheiros do Hawaií / Pra ser sincero - Engenheiros do Hawaií / Só pro meu prazer - Lenine


quarta-feira, 5 de maio de 2010

Cativar


"- Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida - disse a raposa - Significa criar laços.
- Criar laços?
- Exatamente [...] Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para tí a única no mundo!
[...] Se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar de baixo da terra. O teu me chamará para fora como música.
[...] A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa.
Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas.
Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos.
Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
(O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry)


Palavras me encantam.
Entrelinhas me cativam.



Raro

Uma das primeiras pessoas que me chamou atenção. Seu olhar - tão distante - passava um ar de sinceridade incomum. Através das suas primeiras palavras comprovei a sinceridade; não só pela história que me chamou atenção, mas pela entonação de sua voz enquanto contava.

Ninguém se conhecia ainda. Olháva-mos uns aos outros tentando decifrar como seria a personalidade de cada um e aquela seria a dinâmica da noite: cada um escrever três características em um papel, sem colocar o nome. Os papéis foram misturados e entregues um pra cada e então deveriam adivinhar quem era a pessoa que correspondia as características nele escritas.

Não tinha a mínima noção de quem seria a pessoa do papel em minhas mãos, mas tinha certeza que não era a 'garota sincera'. Engraçado é que muitos, ao ler as características do papel que tinham, apontavam para ela... "briguenta", "explodo fácil", "brava", "gosto de psicopatas" (rs) ... o que me deixou intrigada ao ver como tentam decifrar alguém pelas suas roupas escuras - talvez - ou seus brincos, cortes de cabelo e até mesmo ao invés de ver o distante olhar sincero e a fala baixa, tímida e calma, entender isso como uma pessoa antisocial, fria.
Fria? Como assim, "fria"? Será que só eu ví tamanha bondade, suavidade e sentimento existente naquela garota? Não. Não pode ser...

Logo após a dinâmica me aproximei. Pouco tempo. Poucas palavras. Muita risada. Sentimento bom. [...]

Poucos meses. Tanta coisa compartilhada. Tanto bem estar. Tanta sinceridade. Acho que pouquíssimas pessoas alí já mudaram seu conceito sobre ela, já viram que, na verdade, a garota que supostamente seria briguenta e revoltada, é literalmente sensível, incapaz de elevar o tom de voz com alguém - mesmo que estejam fazendo isso com ela - e muito menos fazer mal a uma pessoa, um animal, o que for - pelo contrário, está totalmente disposta a fazer o bem, inclusive àquela pessoa que lhe elevou a voz.

Tenho imensa admiração por essa incrível garota; imenso orgulho por desfrutar de sua amizade no dia-a-dia (ou seria melhor noite-a-noite ?).

Alguém como ela jamais deveria derramar uma lágrima senão por demasiada alegria, mas infelizmente angústia, sofrimento, fazem parte da vida [...]

Não encontro palavras ou algo mais a oferecer senão estar ao seu lado ouvindo, não precisamente palavras, mas principalmente a sinceridade de seu olhar distante...


"When you're down and troubled and you need a helping had and nothing, nothing is going right: close your eyes and think of me and soon I'll be there to brighten up even your darkest night. [...] If the sky above you should turn dark and full of clouds and that old north wind should begin to blow, keep you head together and call my name out loud soon I'll be knocking upon your door. [...] People can be so cold. [...] They'll take your soul if you let them, but don't let them..."
(You've got a friend - James Taylor)

terça-feira, 4 de maio de 2010

Crème Brulée X Gelatina

"Crèmee Brulée jamais será gelatina e gelatina jamais será crèmee brulée."

Dificilmente alguém não quer um Crème Brulée. Adequado aos padrões: lindo, doce, irritantemente perfeito.

Por sorte - ou não - desfrutar-me do mesmo nunca fora algo raro para mim. E, acredito que como a maioria acostumados a crèmee brulée, nunca quis gelatina.

Gelatina é aquela coisa simples. Às vezes a aparência nem é das mais bonitas. Gelatina é comum e por isso não fazem muita importância dela. É fácil encontrar gelatina no dia-a-dia, mas nem é notada por quem acostumou-se a crèmee brulée.

Um dia qualquer, de maneira meio que inconsciente, provei gelatina... meio que de qualquer jeito, em qualquer lugar, à vontade... Porque gelatina é assim: à vontade. E então, mesmo o crèmee brulée sendo tão prestigiado, é a gelatina que - ao menos no momento - realmente satisfaz.

domingo, 2 de maio de 2010

Terra do Nunca

Acordara cedo sem nem precisar de despertador ou que alguém a chamasse.
Adora o cheiro de café feito na hora, mas em domingos esse cheiro traz um "que" de especial.
O seu lugar na mesa ao lado de sua avó a aguardava, bem como a bolacha que só se encontra naquela padaria que conhece desde que nasceu e que tanto gosta para mergulhar na xícara de café puro e que por isso todos os domingo seu avô levanta bem cedo para comprar....
Aguardara a semana toda pela manhã de domingo que sempre é tão boa!


Não quer voltar ao passado, mas se fosse pra escolher um momento para nunca mudar com certeza seria as antigas manhãs de domingo [...]

sábado, 1 de maio de 2010

Nó.

Olha pro alto. Respira fundo. Conta até dez.

Calma... Calma... Calma... Calma...

Inútil!

Segura o nó, o grito enroscado na garganta e então ele transforma-se em lágrimas que transbordam pelos olhos, escorrem pelo rosto podendo sentir seu gosto salgado, mas tão amargo nos lábios e acaba em soluços sufocados no travesseiro.



"Eu quero ficar perto de tudo que eu acho certo até o dia em que eu mudar de opnião. A minha experiência, meu pacto com a ciência; meu conhecimento é minha distração. [...] Eu gosto do meu quarto, do meu desarrumado. Ninguém sabe mexer na minha confusão. É o meu ponto de vista, não aceito turistas. Meu mundo tá fechado pra visitação. [...] Eu corto os meus dobrados, acerto os meus pecados. Ninguém pergunta mais depois que eu já paguei. Eu vejo o filme em pausa, eu imagino casas, depois eu já nem lembro do que eu desenhei. [...] Às vezes dá preguiça; na areia movediça, quanto mais eu mexo mais afundo em mim. Eu moro num cenário, num lado imaginário; eu entro e saio sempre quando tô afim..."
(Coisas que eu sei - Danni Carlos)