quarta-feira, 28 de abril de 2010

"O verdadeiro amigo nos aguenta e nos chama,
nos dá impulso e abrigo,
e nos faz ser melhores:
Como o verdadeiro amor. "
Lya Luft

terça-feira, 27 de abril de 2010

Quando eu crescer...

"Quando eu crescer..."
Quem nunca usou essa expressão?
Usada normalmente por crianças para falar dos seus sonhos, planos, como: "Quando eu crescer vou ser aquele que cuida dos animais."; "Quando eu crescer vou morar na praia" e por aí vai...

Tenho dois priminhos lindos; o Otávio, de 6 anos, e a Ana Clara, de 4 anos. Sou muito apegada com os dois e eles comigo e posso ver muita coisa em comum entre nós (além de entre os quatorze - se eu não esqueci de ninguém - netos sermos os únicos "lemões", como nos chamam).

O Otávio é ruim pra comer, não gosta de um monte de coisa e dá um trabalhão pros meus tios por causa disso (sorte dele que minha tia não enxe ele de vitamina, como minha mãe fez o comigo quando eu tinha exatamente essa idade). Ele é muito fechado, pra tirar alguma coisa dele tem que ter muito, mas muito jeitinho mesmo - e ainda assim ele não vai falar tudo que realmente sente. É super sensível, não só consigo mesmo, mas também - e pelo que vejo, principalmente - em relação as outras pessoas e os animais. Só que ele não fala, nem faz nada e fica triste por conta disso.

A Clarinha, nossa... rsrs Acho que se um dia por algum erro do 'cara lá de cima' eu tiver uma filha, não vai ser tão parecida comigo quanto ela. A começar, a voz que mais parece um alto falante. Sempre quando estão todas a crianças brincando, aquela correria, grito, barulheira a voz que mais se destaca é a da "filhote da Amanda" - e ela sempre tá 'mandando' no resto da molecada rsrs ... E o estress então? Tem hora que eu acho que é mais 'braba' que eu. "Ai" de quem mexer com ela, com o irmão dela, com a Mandinha (rs) ou com quem quer que seja que ela goste... Não importa se nem tamannho ela tem (coitada, acho que até nisso vai ser que nem eu), ela vai brigar com você sim. E se você brigar com ela, ela vai bater de frente, metida a fortona... depois vai correr pra algum canto chorar. Sem contar o tecladinho rosa chiqueéérrimo dela, que ela leva pra cima e pra baixo e ainda tem um micrfone num volume super 'básico' pra combinar com a voz dela (minha tia ainda vai acabar me batendo kkk).
Bom, o fato é que um sábado ou domingo desses estávamos nós três na minha vó assistindo a maratona do Garfield (esqueci: eles também adoram!) quando o Otávio começou a falar que "quando ele crescer" vai ser 'aquele que cuida dos animais' (até mamute entrou na lista dele kkk) e perguntou pra mim, quando eu era criança, o que eu queria ser quando crecesse; falei que queria ser médica, que vivia enfaixando e colando esparadrapos no Fernando, Diego (meus primos de idade próxima da minha) e isso de uma boa conversa ...

Eu queria ser médica pra ajudar as pessoas, pra estar dentro de um hospital. Depois de um tempo eu ví que não era sendo médica (ou enfermeira) que eu ia conseguir atingir o meu objetivo e esse foi um dos motivos pelo qual acabei conhecendo a Psicologia e optado por ela - embora tenha acabado de começar a faculdade, a cada dia que passa pareço sentir que realmente achei o que me deixa realizada. E é muito bom estar no caminho pra uma das tantas coisas que vou fazer "quando eu crescer..."

Mas em um passado nada distante a frase "quando eu crescer..." começou a ser empregada por mim não como uma expectativa para realizar algo e sim como um meio de adiar um desejo, não sei dizer bem se por medo, insegurança ou pura fragilidade.

Não sei dizer o por quê, mas de madrugada, sem perceber o que estava fazendo, passei por cima desse medo, dessa insegurança, dessa fragilidade. Resolvi assumir o que faz parte da minha história, da minha vida sem receio de falar sobre. Pesquisando, ou melhor dizendo, fuçando no google, no orkut, já tinha visto muitas pessoas, principalmente mães, buscando não um médico, mas alguém para tirar dúvidas, preocupações que, por mais avançada que a medicina esteja, só quem passa (sim, no presente) pela mesma coisa pode fazer. Eu não tinha coragem (?) de assumir o que passo e me colocar a disposição de falar com essas pessoas, mas tinha vontade e então falava que "quando eu crescer" eu iria fazer.

Então, se é assim, nessa madrugada dei um grande passo no meu crescimento...

sábado, 24 de abril de 2010

Os Estranhos

O telefone toca. Ela atende.
- Que voz de choro é essa? - Diz a voz do outro lado da linha.
Provavelmente se fosse outra pessoa nem notaria, mas não ele - ele nunca deixa de notar, seja o que for.

Ela está no limite. Da paciência, da compreensão e - principalmente - do autocontrole.
Precisava desesperadamente de um refúgio e sabia que aquele seria um ótimo programa para isso e mais, que aquela companhia seria - como sempre - perfeita.

- Sente a faixa etária.
- Haha ... Como se não fosse sempre assim. Como se já não estivéssemos acostumados.
Faltava um bom tempo pra começar ainda, deu pra colocarem os assuntos em dia - mesmo que se falassem todos os dias.
Música boa - eles adoram. Fazem comentários. Reparam no comportamento das pessoas que estão alí. Veem graça em pequenas coisas.
A grande maioria - ou até mesmo todas - as pessoas que veem os dois nesses lugares, no mínimo, os classificam como estranhos. Mas estranho para eles seria estar em meio a aglomeração de um local fechado, com várias luzes piscando e um horrível barulho contínuo - que inacreditavelmente classificam como música.

Após...

Clair De Lune - ela ama essa. Piano - e ama vê-lo tocar. Sax.
Ficar sentados no chão, fazendo carinho nas cachorras.
Brincando. Rindo.

Simples. Só. - Como ela queria poder sempre estar com aquela paz.







segunda-feira, 19 de abril de 2010

Recomeçar é todo dia toda hora.


Eu apenas queria que você soubesse


Que aquela alegria ainda está comigo


E que a minha ternura não ficou na estrada


Não ficou no tempo presa na poeira



Eu apenas queria que você soubesse


Que esta menina hoje é uma mulher


E que esta mulher é uma menina


Que colheu seu fruto flor do seu carinho



Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta


Que hoje eu me gosto muito mais


Porque me entendo muito mais também



E que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora

É se respeitar na sua força e fé

E se olhar bem fundo até o dedão do pé


Eu apenas queira que você soubesse

Que essa criança brinca nesta roda

E não teme o corte de novas feridas

Pois tem a saúde que aprendeu com a vida


Gonzaguinha

sexta-feira, 16 de abril de 2010

TPSP

Tensão Pós Semana de Provas


Ok. Provavelmente para quem não está no meio será algo totalmente imbecil e inútil, mas não posso deixar de registrar o que acabou de ocorrer.
Essa semana foi tensa (como diria a pessoa que vou citar), cheia de provas, duas por dia, conteúdo imenso em todas...
Enfim, hoje foram as últimas provas (Amém!) e acredito que, assim como eu, todos da sala estão exaustos.

Bom, estou eu linda, loira e cansada no MSN somente para a alegria e o bem geral de Francielly e Bruna, que mesmo tendo passado a noite toda comigo (hmm) fazem questão de uma rapidinha online (ui!).

Bruna me chama toda empolgada falando que lembrou de mim na volta da van porque tocou ENGENHEIROS DO HAWAIÍ, a música FLERTE FATAL e perguntando se a mesma falava de DOM CASMURRO porque tinha uns negócios de MOINHOS DE VENTO.

É, ela ouviu Flerte Fatal do Ira! E Dom Quixote do Engenheiros e conseguiu unir tudo isso lembrando-se da minha pessoa. =)

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Incômodo.

- "Não chamo de diário, mas tenho um caderno onde eu anoto tudo e desde que entrei aqui vou anotando sobre cada um, a imagem que eles me passam."

- "Que legal. É bom anotar as coisas." - Falou meio que tentando acabar com o assunto. Achou estranho alguém lhe contar algo assim, ainda mais por ser a primeira vez em que conversavam.

- "É... exatamente isso. Foi o que eu anotei de você, que sempre me chamou atenção. Quase sempre quando eu te olho você tá escrevendo e dá pra ver quando não é matéria, e então eu penso 'O que será que essa garota tanto escreve? Ela deve ter muita coisa presa pra escrever tanto assim...' ."

Um sorriso sem graça. O máximo que podia fazer após ouvir isso.

domingo, 11 de abril de 2010

"Tudo isso dói. Mas eu sei que passa, que se está sendo assim é porque deve ser assim, e virá outro ciclo depois.
Para me dar força, escrevi no espelho do meu quarto:¨Tá certo que o sonho acabou, mas também não precisa virar pesadelo, não é?¨
É o que estou tentando vivenciar.
Certo, muitas ilusões dançaram - mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo, eu faço força para manter algumas esperanças acesas, como velas.
Também não quero dramatizar e fazer dos problemas reais monstros insolúveis, becos-sem-saída. Nada é muito terrível. Só viver,não é?
A barra mesmo é ter que estar vivo e ter que desdobrar, batalhar um jeito qualquer de ficar numa boa.
O meu tem sido olhar pra dentro, devagar, ter muito cuidado com cada palavra, com cada movimento, com cada coisa que me ligue ao de fora.
Até que os dois ritmos naturalmente se encaixem outra vez e passem a fluir.
Porque não estou fluindo."

(Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Roda Viva


Obrigada por não me incentivar, por não me ouvir, pela minha felicidade ser insignificante, por ser tão indiferente com os meus objetivos e com minha animação para com as coisas que levam a eles. Obrigada por não ter o mínimo de compreensão, por não fazer um elogio, por não sentar e conversar ao invés de gritar e jogar a culpa dos seus problemas, dos seus remédios, da sua doença, da sua vida em cima de mim. Obrigada pela dor de cabeça, pelo rosto inchado, pela vontade de desistir do que me parece ser a razão de muitas coisas que procuro desde sempre.
Obrigada. Muito obrigada!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Soul Parsifal

Ninguém vai me dizer o que sentir
Meu coração está disperso
É sereno o nosso amor
E santo este lugar
Nos tempos de tristeza
Tive o tanto que era bom
Eu tive o teu veneno
E o sopro leve do luar
Porque foi calma a tempestade
E tua lembrança, a estrela a me guiar
Da alfazema fiz um bordado
Vem, meu amor.
É hora de acordar
Tenho anis, tenho hortelã
Tenho um cesto de flores
Eu tenho um jardim e uma canção
Vivo feliz, tenho amor
Eu tenho desejo e um coração
Tenho coragem e sei quem eu sou
Eu tenho um segredo e uma oração
Vê que a minha força é quase santa
Como foi santo o meu penar
Pecado é provocar desejo e depois renunciar
Estive cansado
Meu orgulho me deixou cansado
Meu egoísmo me deixou cansado
Minha vaidade me deixou cansado
Não falo pelos outros
Só falo por mim
Ninguém vai me dizer o que sentir
Tenho jasmim, tenho hortelã
Eu tenho um anjo, eu tenho uma irmã
Com a saudade teci uma prece
E preparei erva-cidreira no café da manhã
Ninguém vai me dizer o que sentir
Eu, eu vou cantar uma canção pra mim

sábado, 3 de abril de 2010

Loucuras e Maravilhas para Alice

Com bom humor, obra de Lewis Carroll escrita há quase 150 anos aborda violência, insanidade e transtornos psíquicos – e ainda tem gente que pensa que é livro só para crianças.

Não deve ser por acaso que a nova edição do clássico da literatura infantil Alice no país das maravilhas, publicado pela Cosac Naify em duas versões, na semana de seu lançamento estava exposta, em algumas grandes livrarias (pelo menos de São Paulo), na seção de livros adultos. Claro, uma história pode ser lida de muitas formas e, com certeza, olhar de maneira aprofundada para o reino criado pelo inglês Lewis Carroll (1832-1898) oferece inúmeras possibilidades de interpretação e reflexão. Também não é à toa que já há muito tempo filósofos, psicólogos e educadores vêm se dedicando a desvendar aspectos da obra. Ao longo de todo o texto é possível encontrar referências simbólicas que remetem ao universo psíquico.

A história, que começa com uma meninha que cai em um buraco, acena para um ritual, para a entrada em uma outra dimensão. O autor busca referências no mundo dos sonhos para deixar vir à tona a insanidade dos personagens. A todo momento, a protagonista (e também o leitor) se confronta com uma lógica muito particular, como a do inconsciente, na qual a razão é tomada, invadida e superada. Nesse sentido, há um trecho especialmente curioso:

– Mas eu não quero ir para o meio de gente maluca – observou Alice.– Ah, não adianta nada você querer ou não – disse o Gato. – Nós somos todos loucos por aqui. Eu sou louco. Você é louca.– E como é que você sabe que eu sou louca?– Bem, deve ser – disse o Gato – ou então você não teria vindo parar aqui.

No mundo povoado por criaturas inusitadas, a gama de esquisitices (e possíveis patologias) é vasta. A Rainha apresenta um quadro de narcisismo exacerbado, ausência de compaixão e de empatia, além de tendência a comportamento violento. A Lebre e o Chapeleiro, por exemplo, parecem viver um uma loucura compartilhada (folie à deux): têm vínculo emocional forte e comungam crenças delirantes, principalmente em relação ao tempo (ambos crêm que são sempre 6 horas). A Duquesa é claramente incapaz de acolher um bebê: sacode o descontroladamente e recomenda que as crianças apanhem por espirrar, pois “obviamente” fazem isso para irritar os adultos. O Coelho Branco tem indícios de euforia e transtorno de ansiedade. O Albatroz sofre de narcolepsia. A centopeia é dependente de alucinógenos.

O título inicial dado à aventura inventada por Charles Lutwidge Dogson (verdadeiro nome do autor) – e oferecida de presente de Natal à pequena Alice (essa sim, uma garotinha de verdade) – era “As aventuras de Alice debaixo da terra”. Ao ser publicado pela primeira vez, em 1865, porém, o texto recebeu o título pelo qual o conhecemos hoje. Dois anos depois, Carroll escreveu Através do espelho e o que Alice encontrou lá, que também faz alusão ao mundo onírico.

A tradução cuidadosa é de Nicolau Sevcenko, professor de história da cultura da Universidade de São Paulo (USP) e de línguas e literaturas românicas da Universidade Harvard. Sua dedicação ao clássico de Carroll fica visível no posfácio “O País das Maravilhas e o Reino das Marmotas”, em que descreve o contexto da rígida cultura vitoriana: “Alice (...) é uma figura rebelde, que enfrenta, cheia de espanto e indignação, as criaturas presunçosas, mal-humoradas e falastronas do Mundo das Maravilhas. (...) Atrás de cada uma delas está um tipo de instituição vitoriana que Lewis Carroll satiriza e Alice desacata”.

Para ilustrar o livro, o artista plástico Luiz Zerbini, atraído pelo universo de baralhos, inspirou-se na paixão de Lewis Carroll pela fotografia para criar pequenas maquetes com as cartas recortadas (em forma de pop up), como se fossem pequenos cenários. O resultado são ilustrações teatrais, das quais saltam os personagens. O livro chega às lojas em dois formatos: em papel couché e cantos arredondados (7 mil exemplares); e em papel gardapat, amarelado e de textura macia, em embalagem que simula caixa de baralho, na versão mais sofisticada, “para colecionadores” (3 mil cópias).

Para enfatizar que as leituras e os aprofundamentos com base na história são possíveis (ou quase inevitáveis), no final da edição há indicações de estudos e ensaios sobre a obra, além de biografias do autor, uma seleta relação de artistas que já se aventuraram pelo país encantado de Carroll, links e uma pequena filmografia. De qualquer forma, seja por interesse profissional, seja por curiosidade ou simples diversão, vale ler (ou reler) o livro. E acompanhar Alice com “olhos de ver maravilhas”.

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Matéria de: Maria Maura Fadel, psicóloga e psicanalista.

Postado por: Amanda Martins Castilho, futura psicóloga e (talvez) psicanalista. Desde os três anos viciada no desenho "Alice no País das Maravilhas", apaixonada pelo gato Cheshire (o do diálogo citado na matéria - que eu já havia postado) e pela Dinah (a gata da Alice no 'mundo real'); atualmente leitora do livro e de estudos sobre o mesmo. E que está contando os dias para a estréia da continuação do filme no Brasil. rs


quinta-feira, 1 de abril de 2010



-Você tem um cigarro?
-Estou tentando parar de fumar.
-Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
-Você tem uma coisa nas mãos agora.
-Eu?
-Eu.